A fumaça de incêndios florestais pode desencadear inflamação no cérebro que persiste por um mês. Ou mais. É o que cientistas da Universidade do Novo México (EUA) alertaram num artigo publicado recentemente no Journal of Neuroinflammation.
Para quem tem pressa:
- A fumaça de incêndios florestais pode desencadear inflamação no cérebro que persiste por um mês – ou mais;
- “A neuroinflamação é a semente para todo tipo de problemas no cérebro”, disse o autor sênior da pesquisa que descobriu esse impacto;
- Com altas concentrações de fumaça no ar, os especialistas recomendam que as pessoas permaneçam dentro de casa sempre que possível;
- Para aqueles que saem ao ar livre, as máscaras N-95 podem oferecer algum nível de proteção contra os efeitos prejudiciais da inalação de fumaça;
- As informações constam num artigo sobre a pesquisa, publicado recentemente no Journal of Neuroinflammation.
O que mais preocupa nesta pesquisa, também divulgada pela universidade, é que esse processo inflamatório afeta o hipocampo, região do cérebro associada à aprendizagem e memória, de acordo com o artigo escrito pelos cientistas.
Leia mais:
- Incêndios no Canadá: primeiro-ministro critica bloqueio de notícias pela Meta
- Games podem fazer bem para a saúde mental? Pesquisadores explicam
- 5 aplicativos que ajudam nos cuidados com a saúde
A neuroinflamação é a semente para todo tipo de problemas no cérebro, incluindo demência, doença de Alzheimer — o acúmulo de placas —, mas também alterações no neurodesenvolvimento na primeira infância e transtornos de humor ao longo da vida. Se você é bombeiro, ou se é apenas um cidadão em uma comunidade que teve algumas dessas exposições dramáticas à fumaça, você pode apresentar distúrbios neurocognitivos ou de humor semanas ou meses após o evento.
Matthew Campen, Ph.D., professor na Faculdade de Farmácia e co-diretor do Centro de Ciência Clínica e Translacional da Universidade do Novo México (UNM)
Fumaça e inflamação no cérebro
A pesquisa – liderada por David Scieszka, um estudante pós-doutorado no laboratório do autor sênior Matthew Campen – envolveu a exposição de roedores à fumaça de madeira a cada dois dias durante duas semanas.
A equipe observou uma série de respostas, tanto pró-inflamatórias quanto anti-inflamatórias, à medida que partículas de fumaça entravam na corrente sanguínea e cruzavam a barreira hematoencefálica.
Embora as células da barreira tenham se adaptado até o 14º dia, as células imunes no cérebro permaneceram excessivamente ativadas. Isso indica um impacto persistente na saúde cerebral.
Scieszka disse:
Fomos capazes de medir a amplitude e os prazos da resposta inflamatória. Esperávamos que fosse muito mais curto. Alguns deles progrediram até 28 dias e não vimos uma resolução completa. E isso nos assustou muito.
Repercussão da pesquisa
Essas descobertas levantam preocupações, considerando a crescente prevalência da exposição à fumaça de incêndios florestais entre as pessoas.
Com altas concentrações de fumaça no ar, os especialistas recomendam que as pessoas permaneçam dentro de casa sempre que possível. E certas residências podem oferecer melhor proteção contra partículas do que outras.
Para aqueles que saem ao ar livre, as máscaras N-95 podem oferecer algum nível de proteção contra os efeitos prejudiciais da inalação de fumaça.
Curiosamente, o corpo humano parece se adaptar à exposição crônica a partículas até certo ponto. Mas exposições intermitentes levam a picos de inflamação, com efeitos adversos mais relacionados a essas flutuações do que aos níveis básicos de poluentes.
Sobre isso, Campen disse:
Parte do que torna isso tão único e preocupante é a natureza intermitente disso. Temos comunidades rurais que estão desfrutando de ar limpo e bonito e de repente têm níveis sufocantes de poluentes e isso some uma semana depois. É um golpe real para um sistema ingênuo.
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!
O post Fumaça de incêndios florestais podem afetar seu cérebro, alerta estudo apareceu primeiro em Olhar Digital.
0 Comentários